quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Escola de Delinqüência/Conto/AntonioCabralFilho-RJ

Escola de Delinquência

-G1.globo-
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Pai e filho entram no hortifruti, passeando entre laranjas, tangerinas, mixiricas, maçãs, peras e outras tentações. O pai dá o exemplo, pegando uma imensa tangerina, descasca e desfila comendo-a, no que o filho segue, pondo uma a mais no bolso direito da bermuda. 
Durante o périplo a dupla experimenta iogurtes, rocambole, ate chegar na seção de chocolates e cada um devorar uma barra de diamante branco. 

- Sua mãe está esperando. Bóra!
- Ih! É mesmo.... Corre!

Ambos se dirigem às filas dos caixas, passando cada um num pdv diferente. Saem tranquilamente e vão-se embora.

Um cliente que notou a ação perguntou ao fiscal de salão se ele notara o acontecido. O mesmo respondeu que os conhecia de vista, de tanto surrupiarem a loja, que essas pessoas têm conhecimento legal e sabem que comer dentro do estabelecimento é crime mas não gera pena nem cadeia, uma vez que não portam a prova do ato - a mercadoria -  e por isso, se escoram na brecha da lei.

- Elas só se esquecem de que o comerciante é amigo de polícia, vagabundo, milicianos etc e pode mandar servir-lhes um "caldo" bem suculento lá no porão do depósito. Observou o fiscal de salão. 
- Ou simplesmente por-lhes um saco plástico na cabeça e jogar na lagoa mais próxima.. Completou o revoltado cliente.

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terça-feira, 3 de outubro de 2017

Fabulas Sui Generis/Antonio Cabral Filho/RJ

Fabulas Sui Generis
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Fabulas Sui Generis

Uma formiga andando pela bunda... Pobre da donzela, se mexendo toda, nervosa, inquieta, envergonhada naquele ambiente e todos imaginando coisas, desconfiados daquilo...

Quem sabe, excitação espontânea... se aproveitando da cadeira envernizada, mas de "pau duro"... em hora imprópria.

- Que situação!
- Que foi?...
- Uma formiga andando na bunda!
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sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Devaneios de Dom Pedro * Antonio Cabral Filho - RJ

Devaneios de Dom Pedro
- Conto -

Devaneios de Dom Pedro

Ele passeia na cidade como o peixe dentro d’água ou a onça na floresta. Ou como a dona no jardim conversando com as berduéguas. Jamais como o sabiá ou o moleque traquinas no pomar: ele não mercantiliza a cidade. Ela é como seu refúgio, sua varanda, onde ele chega pra se jogar no repouso.

- Mas que cara chato!
Espragueja o camelô, incomodado com ele por estar na frente da sua barraca.
- Moço, deixa o freguês chegar!
Mas ele segue alheio, passos lentos, olhar perdido na paisagem. Só lhe interessam os detalhes do casario da cidade velha, as janelas barrocas, a arquitetura rebuscada, os anjinhos de pernas grossas...
(“Menina bonita,
Da perna grossa,
Vestido curto
Papai não gosta.”)
trazem à memória as canções infantis cheias de malícias. Pensa nas igrejas, cheias de gente nua pelas paredes, corpos cheios de vida simbolizando santos, cenas de harmonia, de paz, de felicidade... onde o pecado (?), como acusar alguém pelas tentações da carne com as igrejas lotadas de provocações (?), e a pedofilia...

O comerciante da sapataria se pergunta o que aquele sujeito tanto olha nos prédios, o que será que ele procura e resolve interceptá-lo, joga água na calçada, exatamente aonde ele gosta de parar, bem no meio da porta de sua loja, que já é estreita e ainda aparece um estrupício desses pra ficar ali plantado. Mas ele não liga. Pode chover pedra, que só lhe bastam os adornos do casario rico em história da arquitetura, da dominação colonial, da escravidão, das casas grandes cheias de escravas para os senhores abusarem e encher este país de mestiços bastardos, filhos dos estupros, e a título de miscigenação, pregar o surgimento de uma nova raça, a “raça brasileira!”...
Quando se aproxima de um prédio novo, com desenho atual, ouve-se apenas:
- Caixote!

O jornaleiro da banca em frente à Biblioteca Nacional chama-o de Dom Pedro e lhe oferece um noticioso sensacionalista, cheio de corpos retalhados, braços e pernas espalhados na página, mas se ouve:
- Mêrda!
Aí ele pára. Roda nos calcanhares para todos os lados, arruma sua calça de linho preta na cintura, devidamente vincada, abotoa a camisa de linho branco melhor e passeia a mão direita nos cabelos, louros e compridos presos por um elástico em rabo-de-cavalo, como um badboy Robin Hood, depois se detém, olhando as revistas penduradas nas grades da banca. Não diz nada nem pergunta coisa alguma, como se tudo lhe fosse familiar. Mas o jornaleiro procura ferir a sua rotina e lhe franqueia a leitura do que quiser e o instiga:
- Pode ler. Faz bem.
- “Maze quein tá male!?”
- Opa! Surpreende-se o jornaleiro, que anuncia, gritando:
- Consegui reanimar o moribundo. Suspende o velório! Zomba o caboclinho da banca de jornais.

Dom Pedro se retira. Vai embora arrastando sua alpercata de couro curtido, há muito pedindo aposentadoria. Atravessou a Rio Branco e parou na porta do Museu Nacional de Belas Artes. Enfiou a mão no bolso direito traseiro e retirou um livro preto, que abriu e pôs-se a folheá-lo. Parecia estar lendo alguma coisa, mas de repente pôs-se a examinar um anjo dentro de uma moldura na parede do museu. Olhava para o anjo e para uma foto no livro; repetia essa atitude várias vezes em seguida, como se quisesse se certificar de alguma coisa, ou curiosidade, ou detalhe etc, e enquanto o fazia um sujeito branco, alto, porte atlético, saltou de um carro preto parado bem atrás dele. Foi direto a Dom Pedro e disse-lhe ao ouvido:
- Quer aquele Portinari extraviado há anos?
Dom Pedro não se alterou, não piscou mais rápido nem mais devagar, continuou examinando detalhes da foto no livro preto e do anjo na parede do museu.
- Uma conta para depósito. Sabéres aonde entregar...
Rapidamente um cartão social virou marcador no meio do livro preto e o homem se foi.
Daí, Dom Pedro se dirigiu ao Teatro Municipal, ainda com o livro preto nas mãos, sempre examinando fotos e detalhes nas paredes ao seu redor, como se comparasse uma coisa com a outra. Um mendigo magro, alto, mulato, lhe pediu um trocado para comer e foi convidado para lanchar no Amarelinho, enquanto Dom Pedro tomava um caubói.
- Por que lhe chamam de Dom Pedro? Perguntou o mendigo.
- Io paresco Dom Pietro? Interrogou o Dom Pedro, mas o mendigo se limitou a menear a cabeça negativamente, uma vez que o sanduíche da carne assada o impedia de falar. Com um gesto de mão, o garçon trouxe a conta e recebeu uma nota de cem reais, sendo informado de que o troco era pra ser dividido meio a meio com o mendigo e saiu, sendo acompanhado por dois homens altos, também de portes atléticos, rumo a uma limousine parada quase na porta da Câmara Municipal. Um abriu a porta,  o outro ajudou-o a sentar-se confortavelmente; ambos entraram na frente e partiram.
- O que você sabe sobre esse velho aí? Perguntou o garçon ao mendigo.
- Qui... É o Dom Pedro. Milionário senil, maluco por cidades velhas, leitor maníaco de Rubem Fonseca! Não viu o livro na mão dele? 
Finalizou.
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domingo, 15 de março de 2015

BARACTERES * Antonio Cabral Filho - RJ

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-rgfuol-
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 BARACTERES      
                    "Conto"


Sabe aqueles seres-zinhos que vivem em seus reinosinhos, reinos subterrâneos, lá das profundezas, reinos frios e muito escuros, reinos de porão, de frinchas, monturos...sabe,,,,,,,,,,,? Esses seres, eu os chamo de baratas; conheces?
   Esses seres, naquelas horas de profundo silêncio e solidão que tomam conta de nossas casas quando estamos dormindo ou fomos às compras, visitam o que eles consideram o reino dos humanos e até ficam impressionados com o nosso habitat, todo compartimentado em quarto, sala, cozinha, banheiro, varanda, terraço etc, ao contrário dos seus. Os nossos aposentos, então, sempre rescendendo a essências orientais, lhes recordam antigos castelos imperiais, onde somente os soberanos e seus camareiros poderiam pôr os pés. Nossas cozinhas lotadas de pratarias, tudo sempre muito brilhante, lhes causam certa irritação devido a tanta claridade, à qual eles não podem se acostumar por não haver luz lá nos seus reinos trevosos. São nessas horas que eles correm ao latão de lixo e aí se entocam, esquecem-se da vida, vasculhando à procura de algum resto de guloseima, que normalmente, desperdiçamos. Se encontram, ah, que felicidade!
  
É aí que geralmente eles demoram mais em suas visitas às nossas residências. Daí, não ser raro chegarmos em casa e notarmos uns barulhinhos no latão de lixo. É que eles ficam desesperados por serem pegos em plena invasão de reinos alheios, ao contrário de certos povos nórdicos, por um lado, e por outro, por findar o seu passeio, a sua incursão no mundo maravilhoso dos humanos.

Mas não se assuste. As baratas têm mesmo um senso um tanto parecido com o de certas pessoas; alguém já deve ter notado isso. Acredito que alguém já chegou em casa e encontrou uma barata completamente  à vontade sobre o seu sofá, vendo tranquilamente aquela fita que foi pega para agradar a uma visita, ou, se for um pouco mais modesta, estará assistindo a sua tv, ou ainda, ouvindo som sonolentamente despreocupada, com os pés sobre as almofadas.
- Não parece aquela visita que chegou e se abancou em sua casa?

Mas fique tranquilo. Esses seres são assim mesmo. Após belas refeições em que se refestelam de guloseimas do nosso lixo, elas adoram fazer a sesta em nossas salas, passear em nossas cortinas, rolar em nossos tapetes, admirar embevecidamente a nossa decoração, verificar se o som e os discos são de última geração, se os filmes são recentes, para que elas possam vir naquelas horas de relax, com toda a sua cambada, sorrateiramente pelos cantinhos das paredes, ouvir algumas músicas ou ver aquela fita que está fazendo o maior sucesso.

Posso estar enganado, mas juro que conheço alguém assim...Se o prezado leitor estiver ouvindo "Mulher Pequena", pode ter certeza, elas estão em sua companhia, entocadinhas, embaixo ou dentro do sofá, ou dos aparelhos da sala, todas suspirosas, com os olhinhos semifechados e trêmulas de emoção, principalmente quando o Rei diz " Fica na ponta dos pés, pra ganhar beijo na boca"; é o "up!" de máximo, elas vão ao delírio! Ou então nos horários nobres, daqueles programas de tv que dão muita audiência, elas adoram assistir juntinhas conosco.

Pode acreditar em mim. Um dia desses eu ouvi uma vozinha de fada vindo da direção da poltrona dizendo "Olha lá, a mana Hebe!" Confesso, eu fiquei meio preocupado, sabe como é que é, de vez em quando a gente excede, bebe uma a mais, mas é que a tv estava ligada  no Programa da Hebe; aí eu fiquei tranquilo.

Outra coisa que elas adoram é assistir novelas ou então aqueles filmes sensacionalistas, mas sensacionalistas mesmo, o suficiente para que elas possam rir, mas rir mesmo, rir de rachar, de nós,por não acharem "graça" em tanta asneira, quando se recolhem às profundezas dos seus reinos subterrâneos, lá nos porões, frinchas ou monturos, nas suas horas de candinhas.

E não são poucas as vezes em que elas saem felizes da vida  de nossas casa e vão bater pernas pelas redondezas, rua afora como aquelas vizinhas que  só eu conheço, que vão rápidas e faceiras ao encontro das coleguinhas pra fofocarem um pouco. Quando elas se juntam, metem o pau na nossa comida, no nosso doce, no nosso queijo, dizem que no nosso lixo não tem nada que preste, sequer uma iguariazinha francesa e ainda nos xingam:
- Gentinha miserável!

E, logo em seguida, vão revirar os bueiros, os canos d'água da pia, e de súbito, saem em louca disparada uma atrás da outra, que até lembra a corrida da São Silvestre. É que elas descobriram a caixa de gordura, esse reservatório de maravilhas da gulodice humana.  Novamente a insanidade toma conta delas e sai "todomundo" na porrada, para passar pelo suspiro da tampa ao mesmo tempo. Mas no momento em que elas entravam "pelo cano", eu me lembrei de relance das torcidas organizadas em épocas de campeonatos: Tem muita diferença?

Mas é justamente aí aonde elas podem encontrar deliciosas sobremesas, tais como frutas e doces mal digeridos para deitarem o cabelo nas comilanças do maravilhoso mundo humano.

E isso ainda é pouco. Há alguns dias uma baratinha, dessas de armário de cozinha, muito esnobe e chechelenta, descobriu que já estava cansada das delícias encontradas em nossas pias, latas de lixo, fogões sujos, e decidiu fazer uma tournê pelas residências chiques  da nossa vizinhança, ir às ruas sassaricar suas perninhas secas pelas calçadas revestidas de pedras portuguesas, em busca de novidades pra contar às suas coleguinhas das frinchas do sofá da casa do vizinho. Mal pôs-se à rua,  quase foi esmagada pelos sapatos anabela de uma madame chiquérrima, dessas bem educadas que caminham sem fazer barulho com os sapatos e higiênica o bastante para levar o seu lixo, devidamente ensacado, e colocá-lo na coletora em frente ao edifício, para que o primeiro gari que apareça possa levá-lo para o mais longe possível.  Não conseguiu segui-la de perto, mas ainda assim procurou manter uma distância que lhe desse alguma vantagem caso pintasse outra barata na parada.  Mas ela bobeou e não notou um grupo, não de baratas, mas de humano, a meia distância da coletora, cada um na sua, fingindo que não tava nem aí. Quando a madame largou a sacola de lixo na coletora, foi o maior saque,  um empurra-empurra medonho, que a baratinha não entendeu nada.  Porém, logo-logo, sacou o lance: Um deles levou uns bifes meio estragados, outro uma lata de compota de figo mofada, um terceiro arrastou um queijo inteirinho coberto de bichos, pronto para ser devorado com vinho.  Contudo, o que mais lhe assustou foi o que aconteceu a um quarto humano.  No lusco-fusco lá entre eles, ao redor da coletora, um deles levou um tombo e quase caiu sobre a baratinha, o que só não aconteceu porque ela foi mais rápida e se livrou da infelicidade de ser esmagada por um humano, por que chegou um pouco mais para debaixo do pneu de um carro . Aí ela pôs-se a pensar e ficou baratinada, sem conseguir entender mais nada, sem conseguir arrumar  suas ideias. Será possível, perguntou aos seus botões, os humanos disputando o lixo dos latões igualzinho a nós, baratas?¹ Isso é uma injustiça! Concluiu e voltou voando pra contar essa ignomínia a todo o seu submundo. 
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domingo, 8 de março de 2015

Coisas Do Arco Da Velha * Antonio Cabral Filho - RJ

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-theathing-
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COISAS DO ARCO DA VELHA

- Os etês gostam de bunda. Foi o que captei da conversa entre as meninas, enquanto caminhava no calçadão do Liceu.
- Tem caras que não gostam, né; acho que não são chegados; comer um cuzinho será que não faz bem?!
- Cruz credo! Exclamei mentalmente, e segui meu caminho rumo ao Fórum, que fica em frente.
Elas vieram na minha direção, a passos firmes, olhar direto, "você tem fogo...", perguntou a morena pele-de-cuia, "e como tem", observou a loira de olhos azuis, típica europeia, me examinando de cima a baixo, parando os olhos, ostensivamente, na minha barriguilha; "te vejo sempre por aqui", disse a morena, enquanto eu lhe entregava o isqueiro; "é, estou sempre na cantina, tomando café; café de Fórum é choco, frio, fraco, e causa-me asia; então, venho na cantina, às vezes comer alguma coisa", concluí.
- Uma bucetinha, um cuzinho e o que mais? Indagou a loura, acendendo o cigarro.
- Você está sempre cercado de meninas! Não é à toa!! Vai ver é o maior safadão, pica doce.... Completou a morena, sempre combinando seus ataques com a colega.

O Liceu é uma escola destinada à classe média alta, concebida nos tempos do império, onde só entravam filhinhos de papai e seus apadrinhados do aparelho de estado. Mas isso dançou com o advento da república, e hoje, assim como os "Pedro II", recebem qualquer um, desde que aguentem suas provas de avaliação, pois ainda são um padrão de ensino almejado pelas camadas interessadas em ascensão social e tecnica. Seus prédios são construções coloniais, com arquitetura rebuscada, estilosos; janelões de madeira nobre, ainda insensíveis ao cupim. Uma coisa fantástica em termos de concepção, pois possuem salas espaçosas, bem arejadas, lousas imensas, mesas de cedro vernisadas, cheias de gavetas; seus corredores lembram aqueles do filme Harry Potter, sinistros de arrepiar. E no caso do Liceu Nilo Peçanha, de Niterói, Rio de Janeiro, tem um sótão, que seguramente foi planejado como adega, pois tem balcãozinho cheio de compartimentos para copos, taças e talheres, à frente de um espelho na parede em moldura de mogno  e uma silhueta vitoriana; além de um velho barril de carvalho, aonde, sem dúvida, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Lima Barreto e tantas outras celebridades literárias desta terra de orfandades iniciaram-se nos caminhos da radicalidade estética.

- Conhece o sótão do Liceu? Indagou a morena, quase ao pé do meu ouvido.
- É ideal para uma brincadinha... Insinuou ela. Respondi que lá eu já namorei, me embriaguei, estudei e fiz muita reunião do grêmio.
- Então é "liceano... Vamos!" Disseram ambas, quase em uníssono. 
No rádio da cantina, exatamente às dez da manhã no meu Rolex, tocava uma canção, cujo trecho diz assim:" Deixa isso pra lá, vem pra cá, venha ver. Eu não tô fazendo nada, nem você também..." e seguia insinuando outras coisas, ditas pela voz de um dos meus tantos ídolos da mpb, Jair Rodrigues.

Bom, pra encurtar o lererê, a morena está aqui em casa há 32 anos. Já somos avós, e, nem os filhos nem os netos jamais saberão das nossas façanhas e quando lhe mostrei o rascunho deste texto, ela fitou-me com seu olhar fogueando e objetou: você não pôr aí os detalhes...
- Claro que não!! São nossas relíquias!
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